ENFIM, FICHAS E MÃOS LIMPAS?

Aprovado na Câmara dos Deputados o projeto que dá combate aos candidatos com ficha suja. Todos lemos, sabemos e aplaudimos. Não só por causa da proposta de moralização, mas porque vai aí a resposta a um sentimento nacional. Fique, portanto, bem claro que estou alegre com o que acaba de acontecer em Brasília.

Agora, um ingrediente de dúvida, que eu, sinceramente, não desejava alimentar. Primeiro, espero que as medidas saneadoras sejam aplicadas já nas eleições deste ano. Se não assim, - que nos desculpem os que votaram bem intencionados, - mas vai ficar claro que tudo foi armado para só acontecer em 2012. E até lá haverá como amaciar o tratamento que a Justiça quer dar aos corruptos sabichões, muitos deles já encastelados no Congresso, de onde não querem sair tão cedo.

Insisto: houve quem votasse apenas para não ficar mal com a opinião pública, claramente favorável ao projeto, até porque havia se inspirado em iniciativa popular. Já pensaram o que diria aos eleitores o deputado que tivesse votado contra uma ação moralizadora?

O parlamentar corrupto votou engasgado, quase vomitando, com lenço no nariz. Mas não havia outro jeito. Ficou na esperança de que, tal como se dá em tudo no Brasil, acaba dando em nada. É a nossa realidade.

Dito isto, eu acredito que a campanha moralizadora, se realmente se efetivar, não pode se dar por satisfeita. De maneira nenhuma. A começar porque precisamos estar atentos quanto a eventuais ciladas que podem ser armadas pelos corruptos para burlar aquilo que precisa se tornar lei o mais rápido possível. Espera-se que o Senado faça a matéria tramitar rapidamente. Não há mais nada para se mexer.

Outra coisa, e aqui já vou entrando em algo que interessa muito a nós, mineiros, que estamos vendo se assanharem alguns candidatos que deviam estar na cadeia, não é de hoje. Defendo o necessário procedimento moralizador a ser adotado pelos partidos na formação de suas chapas, antes mesmo que para tanto sejam obrigados por lei.

Sem dificuldades para essa medida que antecipa o saneamento, porque – pobre Minas! - os bandidos que se infiltram na política são tão evidentes, tão conhecidos, que não cabe aos partidos a alegação de que desconheciam as maracutaias. Tráfico de influência, assalto aos cofres públicos, conchavos e favorecimentos milionários para ganhar votos para si ou para os filhos.
Imundície!

Pergunto aos senhores dirigentes de partidos: não bastam tantas evidências?

Claro que desejo as fichas limpas espalhadas por todo o Brasil. Quem não as quer? Mas eu quero um pouco mais. Desejo que a operação limpeza comece por Minas. Se possível que comece por Juiz de Fora. Razões não faltam.
Até sobram.