As campanhas e suas mentiras

Não é coisa que se vê apenas em ano eleitoral, embora seja ele a época em que se acentuam os interesses políticos menores, em detrimento das questões administrativas e da política em nível superior. Muitos dos interesses coletivos são relegados, quando vamos nos aproximando das urnas, e daí aquela terrível constatação: se o governo era sofrível vira ineficiente, se era ruim passa a ser péssimo. Alguns poderiam, em contradita, afirmar que é nesta época que mais se procura realizar, na tentativa de angariar votos, o que contém certa verdade, embora se prometa ou se faça sob a capa da enganação.

Facilmente se esquece que por causa do interesse pelo voto, os enganadores recorrem a obras de fachada, e nada mais conseguem aparentar além de um falso dinamismo. O que se promete, quando a intenção é abocanhar o voto, nem sempre é o essencial, mas o promocional. Eis um detalhe fundamental que deve ser mantido na cabeça.

Dito isto, que foi apenas repetir o muito já se falou, acentua-se a necessidade de os eleitores redobrarem cuidado com as campanhas publicitárias deste tempo, com as faixas promocionais que anunciam serviços e obras há muito prometidas e nunca vistas. Ainda há pouco, circulou uma dessas campanhas imformando sobre milhares de tratamentos dentários, montões de bolsas de estudo, sem que saibamos em que lugar moram esses jovens beneficiados. O que se sabe, com toda certeza, é que eles não estão por aqui...

Mente-se tanto, que certamente a população já devia ter se vacinado contra esses mestres do embuste. Não é de hoje. No ano passado denunciei aqui, como exemplo de mentira temperada com audácia, a faixa que a prefeitura estendeu na Avenida Getúlio Vargas, em que uma seta mostrava a localização de um restaurante popular que nunca existiu, oferecendo refeição a 90 centavos! Ainda era o tempo de Alberto Bejani, dono de monumental capacidade de enganar, e que, infelizmente, vai construindo novos seguidores.

Se dentro de seis meses estaremos entrando em ano eleitoral, impõe-se a necessidade de a população cobrar dos governantes o caminho da verdade, quando falarem sobre o que a população espera deles. Sem mentir, sem tergiversar, sem engodo. Porque esse comportamento, tão comum nos espíritos deformados dos maus agentes políticos, nada têm a ver com o exercício da política em alto nível. Esta se preocupa com o desemprego que gera fome; vive em desassossego com a saúde desassistida e com as filas para a morte no hospital público; inquieta-se com o caos no transporte. A essa política, tão diferente da que temos visto aqui, responde-se com uma administração não apenas eficiente, mas que seja capaz de jogar o jogo claro da verdade, muitas vezes expulsa das campanhas publicitárias da administração pública.

As campanhas estão chegando. É hora de o povo preparar seu escudo de defesa.



O.P.