BRASIL: UM GRANDE PAIS, UMA PEQUENA NAÇÃO.

A vida passa muito rápido. Uma frase tão vulgar, mas tão verdadeira.Quando a gente se lembra do passado , geralmente, a primeira coisa que nos vem a cabeça é: isso foi ontem !

Me lembro, logo quando comecei a me interessar pela vida politica e partidária, dos embates ideológicos dos partidos políticos, que determinavam as diferenças de projetos para o Brasil . Era, e deveria continuar sendo, o que nós chamavámos de democracia.

Desses embates , nasciam e se propagavam as idéias, através de nossos principais líderes. Refiro-me à época em quem era PMDB acreditava em Mário Covas, Franco Montoro, Tancredo Neves; em quem era nacionalista (como eu), acreditava e seguia Leonel Brizola. Quem era socialista adorava Miguel Arraes e, quem acreditava em uma república socialista seguia Luis Carlos Prestes . Ou quem era democrata de direita fazia parte do PDS de Antonio Carlos Magalhães e José Sarney, que em seguida, para se desvincular do grupo que deu o golpe de 64, virou Partido da Frente Liberal - PFL .

Lembram como era bom ? Era "cada macaco no seu galho".Lembram como a gente acreditava no futuro do Brasil ? Acreditávamos pelo simples fato de que podíamos nos identificar com esse, ou aquele segmento ideológico, representado pelos partidos políticos e na figura de seus principais líderes.

Tudo isso começa a mudar, ou morrer , quando surgem dois grandes partidos no cenário nacional: o PT e o PSDB, que se polarizam até hoje.

Esse quadro partidário e ideológico começa a se esvair quando Fernando Henrique Cardoso toma posse como Presidente da República, fazendo profundas reformas economicas, simbolizada e representadas pelas transferências de monopólios estatais, para grupos privados brasileiros e internacionais. Não houve privatização no Brasil (que sou a favor), mas sim, transferência de monopólio estatal para poderosos grupos economicos.

Desde então, para conseguir tamanha façanha, o PSDB inaugurou a fase da compra de votos de parlamentares, culminando pela vergonhosa emenda na Constituição brasileira que permitiu a reeleição de FHC. Daí em diante, o que se viu foi a prostituição das idéias, do debate e, principalmente o inicio do fim de todos os partidos políticos, salvo PSDB e PT, que se atesta nos dias de hoje.


Escândalos atrás do outro. A imprensa cumprindo seu papel de expor as fraturas da sociedade, da elite e das classes dominantes que dominam o Estado brasileiro. Trabalho, infelizmente inócuo, pois com uma legislação lusitana e, portanto, cartorial, nossa Justiça nunca conseguiu punir quem quer que seja. Estão aí, soltos, ricos e felizes todos os ladrões do dinheiro público, representados , quase que por absoluta maioria, os políticos desse pobre país.


Chegamos aos nossos dias, com o PT tomando posse e , com certeza, dando lugar a honestidade na administração pública. Seria, finalmente, inaugurado e implantado definitivamente, os conceitos de ética no Estado brasileiro, sobretuto pelo respeito ao dinheiro público.

Mas, infelizmente, o que assistimos foi o fim do debate, a morte dos ideais e, principalmente, a morte dos partidos políticos, que se locupletam com as mais sórdidas estratégias para se manterem no poder e, pior, com os mesmos instrumentos e comportamento dos tucanos: o aparelhamento do Estado por grupos, diferentes na cor, mas iguais na prática. Isto é, se aproveitam do Estado para se enriquecerem, fazerem negócios.


No âmbito da politica eleitoral, ainda é pior. Vejam o que está acontecendo em Minas e, de modo geral, em todo o país: prefeitos do partido do Presidente Lula, o PT, apoiam o candidato do PSDB, Antonio Anastasia. No Rio, o PV de Gabeira e, de Marina Silva, é apoiado pelo PSDB de Serra. No interior do país, partido significa, simplesmente, uma referência de letras. Nada mais. Todo mundo segue seu interesse pessoal e ponto final.

Mas, pior que o fim dos partidos, é a morte da ética, da moral em nossas estruturas politicas, princípios que dão lastro ao único valor que sustenta uma democracia, e ao convívio com as diferenças: a honestidade.

Quando me refiro a desorganização do Estado, refiro-me às prefeituras, governos estaduais e governo federal. Estamos vivendo o fim da ética, da moral e da honestidade, que dão lugar, para se perpeturar, à roubalheira e, ao crime organizado politicamente dentro do Estado brasileiro.


Preocupa-me, ou melhor, me deprime, a falência desses valores que parecem inseridos na alma da sociedade brasileira (a corrupção), chegando a me perguntar se a politica no Brasil ainda é um verdadeiro instrumento de mudança , de avanço. Já não sei mais se acredito, e confesso que me pergunto se vale a pena tanta luta, tanto desgaste diante de uma estrutura corrompida, viciada e marginal do Estado brasileiro.


O que me deixa estarrecido não é somente o fato de estarmos assistindo a mais um escândalo de corrupção, dessa vez , na Casa Civil, o Ministério mais importante do Governo . Não foram os R$ 200 mil que o assessor da Ministra "achou" em sua gaveta que me preocupam. Corrupção existe em qualquer país do mundo. O que me assusta, me preocupa e, me causa absoluta desilusão é saber que nada, absolutamente nada, vai acontecer. Em outras palavras, ninguém será punido e daqui bem pouco tempo todo mundo já se esqueceu de mais esse roubo.


Mas o mais grave ainda é que o governo e, toda a cúpula do PT diz que isso tudo é "armação" da imprensa !!! Marido, filho, e amigos da Ministra demissionária se beneficiaram de uma estrutura corrompida ,onde o que prevalece, como na época de FHC, são os negócios em que o Estado brasileiro tem o poder concessionário.


Como se vê, o governo PT, no quesito "negócios e interesses economicos,em nada se difere do PSDB de Fernando Henrique Cardoso. Mas isento ambos, em suas pessoas físicas, de qualquer envolvimento com esse comportamento corrupto. Tudo isso é decorrente do falecimento dos partidos e dos ideais. O que importa, hoje, é o poder pelo poder. Para essa gente, o feio é perder. O importante é se manter no poder para poderem continuar roubando. Tão simplesmente.


Para se eleger no Brasil, somente tendo recursos para a campanha. A honestidade, os princípios morais, o currículo, não valem absolutamente nada. Vide Juiz de Fora, uma cidade onde as forças politicas de "esquerda" e de direita se uniram para eleger Carlos Alberto Bejani ! É o vale tudo para se avançar e executar um governo de planos populares ? Não ! É a união de forças para se manterem no poder, para conseguir empregos para amigos e familiares.


Em seguida, essas mesmas forças elegem um representante de uma direita conservadora, que simplesmente endossa todas as ações implementadas pelo governo corrupto anterior, representados por contratos quase bilionários. E todos continuam no poder, felizes e faceiros.


Eu não sei qual o futuro do Brasil. Mas tenho a mais absoluta certeza de que estamos diante de uma realidade em que o país se entrega ao comportamento mais torpes do ser humano: a desonestidade moral . Temos futuro como país, como economia que cresce e se desenvolve. Não sei se temos futuro como Nação.


Eu gostaria de voltar ao passado.