Imoralidades deixam o País à deriva

Quando se conversa com pessoas de diferentes níveis sociais, desde o mais modesto operário ao intelectual, mas se o assunto tende para a política, é inevitável constatar que o brasileiro anda perdido, meio sem rumo, sem saber o que fazer o País e por onde começar, quando se trata de extirpar de vez, num corajoso ato cirúrgico, esse vendaval de corrupção que nos assola. Essa confusão mental, vê-se claramente, resulta da falta de controle dos descalabros. É como se fossem abertos os portões de todas as cadeias e seus hóspedes recebessem autorização para assaltar quem quisessem, como quisessem. Então, o povo, desprotegido, sem lideranças e sem rumo, entra em parafuso. É o que sempre se deu quando a Nação, olhando por todos os lados, não conseguiu ver um fio de luz e de esperança. A quem confiar a retomada da ordem e da moral, se esse alguém já parece inexistir?

Pois é como se vê nosso Brasil de hoje. A lei e os bons costumes entraram em recesso, saíram em viagem e ainda não sabemos quando estarão de volta.

O volumoso diário da corrupção se escreve em todos os setores da vida pública, mas invade, principalmente, os gabinetes do Judiciário e do Legislativo. E é nesse ponto que as esperanças se diluem totalmente. O que fazer, se sofrem de abatimento moral exatamente as casas onde se fazem as leis e onde elas são cobradas?

Quando se trata do Congresso, há um dado a mais para causar espanto e horror. É quando velhos senadores, cujos cabelos o tempo derrubou ou embranqueceu, homens que têm assento na mais alta casa do pensamento político, com biografias carregadas de responsabilidades, prestram-se a miuçalhas e a empreguinhos para parentes. E escondem os atos de nomeação para que ninguém fique sabendo de suas imundícies. É inacreditável, porque todos têm recursos suficientes para manter os favoritos, sem que para tanto tenham de assaltar o povo. É o pior tipo de crime: assalta-se sem necessidade, pois as cavernas desses ali-babás sempre têm dinheiro de sobra.

É triste constatar que o Brasil se transformou em nau sem rumo, sob tempestade de imoralidades, com espessas nuvens pela frente, que ainda não nos permitem enxergar o porto da salvação.



O.P.