PORQUE A MATA MINEIRA PERDE IMPORTÂNCIA.

Tenho falado, reiteradamente, da perda de poder econômico e político da Zona da Mata. Ao longo dos últimos 40 anos, assistimos à um processo de empobrecimento sem precedente de uma região, que já foi a mais importante de Minas Gerais.

Simultâneamente, assistimos também o desenvolvimento de outras regiões do Estado, que outrora nada significavam politicamente, e nada, ou muito pouco, representavam no cenário econômico. Refiro-me, sobretudo ao Triângulo Mineiro, certamente, hoje, a voz econômica mais poderosa de Minas.

Uma cidade ou região são inseridas no poder institucional , mediante sua pujança econômica e representatividade política. O Triângulo, nesse mesmo período de decadência da Mata, soube se unir para pressionar, e se impor no cenário político de Minas Gerais.

Pelo poder de pressão política, consequência de pujança econômica, o Triângulo possui as melhores estradas, os melhores hospitais públicos e, principalmente a melhor infraestrutura de negócios do Estado. Resultado: é a região mais rica de Minas. Tudo isso em 40 anos, o mesmo período em que a Mata se tornou a região que menos crescia em todo o Estado !

O Triângulo tem hoje mais de 20 empresas com faturamento acima de R$ 1 bilhão/ano. A Zona da Mata, não sei se possui uma, talvez duas ! Os empresários do Triângulo, grandes e pequenos, lutam por suas cidades e região. A Mata Mineira não possui nem um empresário de porte, que lute por nosso desenvolvimento, que tenha influência a nível nacional.

Fico me perguntando quais seriam os principais motivos que levaram o Triângulo a tomar impulsos espetaculares de desenvolvimento, criando uma mentalidade empreendedora, tomando a posição de vanguarda em Minas.

No outro extremo, a Mata Mineira representando a decadência econômica e política, comprovada pelo abandono de suas estradas, pela absoluta ausência de saúde pública e, principalmente, pela falta de oferta de empregos e oportunidade de novos negócios.

Temos assistido nessas últimas décadas, o esvaziamento industrial da região, sendo que a Manchester brasileira, voltou a ser, simplesmente, Juiz de Fora, ou seja uma cidade como outra qualquer da região, pobre e sem políticas consistentes de desenvolvimento econômico, cuja fotografia sócio-economica já nos faz lembrar as grandes cidades da baixada fluminense, tais como Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Nilópolis etc. , e que posuem sempre as mesmas características : grande densidade populacional e pequenas economias. Resultado: grande pobreza .

Tudo isso, regado com políticos populistas e, em sua mais absoluta maioria, corruptos. Se servem das prefeituras, como se fossem suas propriedades, passando o poder de forma hereditária, de pai para filho, ou para a esposa, ou para um neto. Ou para qualquer parente. Resultado: roubo e negociatas permanentes com o dinheiro público

Clientelimo e nepotismo é o lema desses políticos. Seus governos não executam políticas públicas com planejamento. Política e desenvolvimento para a grande maioria dos prefeitos dessas cidades, significa pedir "verbas" para o Governador do Estado. Em outras palavras, nada que seja substancial para o desenvolvimento consistente de uma cidade , muito menos para uma região. Também não criam nada, ou quase nada.

Desenvolvimento econômico não se caracteriza pela construção de hospital, muito menos pelo anúncio (falso) da chegada de novos empreendimentos. Desenvolvimento se faz com planejamento do orçamento, que deverá ser voltado para o bem estar da população, com todos recursos aplicados em saneamento básico, saúde e educação em tempo integral.

Desenvolvimento econômico regional se faz, principalmente, com pressão política, através de representantes no Congresso, e na Assembléia Legislativa. Em nossa região, infelizmente, não vemos nossos Deputados agindo em bloco, reivindicando a implantação de políticas públicas que induzam, por exemplo, empresas a virem se instalar aqui, a investir aqui.

Todos nossos parlamentares, sem excessão, agem isoladamente, sempre com o mesmo comportamento de despachante, pedindo "verbinhas " para seus feudos eleitorais. Resultado econômico : nenhum . Consequência ? Perpetuação da pobreza.

Entenda-se como política pública de desenvolvimento, ações de Estado que ofereçam , além do investimento em infraestrutura, politicas fiscais inovadoras e agressivas, aliados à disponibilização e intermediação de crédito com os agentes públicos.

Em nossa região, infelizmente, o que temos assistido nesses últimos 40 anos, são ações isoladas de nossos Deputados , com distribuição de verbas direcionadas , através das famosas emendas parlamentares. Nada que mude a nossa triste realidade, mas que fideliza o voto dos prefeitos para o Deputado que conseguiu o recurso para compra de um equipamento hospitalar, construção de uma nova sala na escola, etc. etc.. Ou seja, nada que mude a realidade de nossa pobreza e decadência economica.

O que fazer para reverter a nossa falta de poder politico? Em primeiro lugar UNIR a bancada da região e EXIGIR do governo do Estado e do governo federal, projetos maiores que se traduzam em efetivos resultados economicos.

Exemplos :

1) abertura de uma agência do BDMG, em Juiz de Fora, com programa de financiamentos específicos para a instalação de novas industrias na região;

2) equalização de tributos com todos os demais estados;

3) implantação aqui, de projetos de incentivo equivalentes aos existentes no Vale do Jequitinhonha;

4) programa de incentivo a contratação de jovens par o "primeiro emprego" com redução de impostos estaduais

4) seminários no Brasil , para "vender" a região, e mostrar, dentre outras vantagens, que nos encontramos entre os três maiores centros consumidores do Brasil, a oitava economia do planeta.


Garanto que , implantada essas e outras sugestões, a Zona da Mata retomaria o seu destino que é de prosperidade, como foi no passado.

Sonhar é fundamental. Fazer ainda é mais prazeroso. Vamos lutar.