DE VOLTA.

Após 10 dias de trabalho (e de lazer também), estou de volta. Trago comigo a certeza de uma grave crise na Europa. Portugal e Espanha, como já disse em outro artigo, devem, também, pedir socorro financeiro.

O que acontece por lá, é o que eu denomino de "crise de riqueza", ou seja, são países com economicas consolidadas, onde o mais simples dos cidadãos tem casa para morar, boa educação, saúde pública (nem tão boa, mas tem),bom sistema de transporte e, acesso gratuito à cultura e ao lazer.

Crise por lá, significa portanto a "impossibilidade" das economias crescerem mais do 2% a.a (quando muito), pois tudo está feito, pronto.

E porque crescem e, se desenvolvem os BRIC's (Brasil, Rússia, Índia e China) ? Porque, ao contrário, são países que estão sendo "construídos", com tudo para ser realizado no plano de obras públicas essenciais (educação, saúde, saneamento básico), e que apresentam, além dessa demanda, um forte e, emergente mercado consumidor interno.

Por isso, tenho dito, que se o Brasil souber aproveitar esse momento "mágico" de nossa história economica, a próxima geração poderá viver em um país mais justo. Minha geração não viverá essa experiência, mas saberá que o país iniciou um verdadeiro cíclo de desenvolvimento.

Mas porque essa crise na Europa ? Por que Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha enfrentam graves dificuldades financeiras? Simples: gastaram mais do que arrecadam. Se quiserem, gastaram mais do que ganham!

Chegou a hora de pagar a conta dos empréstimos que tomaram para financiar bilhões de euros em aeroportos, estradas, etc. Agora, precisam de mais dinheiro para continuar honrando os seus empréstimos. O problema é que os bancos não querem renova-los, muito menos emprestar dinheiro novo . Assim, quebraram a Grécia e Irlanda, obrigando a Comunidade Europeia a injetar mais de 200 bilhões de Euros somente nesses dois países.

Analistas e economistas afirmam que está chegando a vez de Portugal e Espanha. A quebra de nossos descobridores é inevitável. Já a Espanha, por se tratar de uma economia do tamanho da brasileira, fica um pouco mais difícil. Mas eu apostaria na sua quebra. Os números não fecham e o mercado está travando uma guerra contra as finanças desse país.

Assim, o famoso conceito de liquidez absoluta das dívidas soberanas de paises ricos (dívidas dos governos dos países), vai por água abaixo. Em outras palavras, governos também quebram. Quem empresta dinheiro para países, deve entender que pode perder. A Argentina, no caso de paises emergentes, causou prejuízo a milhões de investidores.

Já na Europa, os bancos que emprestam são salvos pelos próprios governos que tomaram o dinheiro nesses bancos ! Nos Estados Unidos, ídem. Se os governos não salvassem seus bancos, a crise seria sistêmica e, a economia mundial poderia entrar em colapso. Ou seja, o melhor negócio do mundo é ser banqueiro. Nunca quebram !

Irlanda, Grécia, Portugal e Espanha possuem dívidas com valor acima, ou quase próximo do PIB (Produto Interno Bruto = soma de tudo o que o país produz em serviços e produtos). Mas existem outros países europeus, como a Itália, França e Inglaterra, que possuem também alto endividamento, acima mesmo do PIB , e não estão sendo cobrados pelos credores. Porque ? Pelo simples fatos desses últimos (caso do Brasil), terem sua dívidas tomadas junto à credores nacionais e, por isso, não acontece a fuga de capitais.

Já a Irlanda, Espanha, Portugal e Grécia tem suas dívidas tomadas no mercado financeiro internacional, que por qualquer sobressalto, retira seus capitais , imediatamente. É o que está acontecendo.

Bem, mas isso é outra história. Em resumo: não estou preocupado, nem um pouco, com a crise europeia. Os vinhos de lá continuam muito bons. E são, eles, os europeus, os maiores consumidores...

Continuo torcendo pelo Brasil.