O PAC na berlinda

Todos os dias há notícias sobre o destino do Programa de Aceleração do Crescimento, que o governo pretendeu transformar em peça básica de suas propostas de desenvolvimento. Os ministros e vários governadores não conseguem chegar a um entendimento quanto a projetos, prazos e prioridades.
O presidente Lula já demonstrou interesse em centralizar as decisões, por achar que as medidas governamentais devem ser aplicadas onde lhe parecer que é ali que estão as necessidades, numa visão global do País. Já os governadores, cada qual pensando no interesse de seu estado, querem impor determinadas regras de aplicação do Programa, que exatamente por esta razão só deslanchou parcialmente. E nesse particular os estados do Sudeste são mais exigentes.
O PAC podia estar num estágio muito mais adiantado não fossem as divergências estratégicas que as partes ainda não conseguiram superar. Com isso, o perigo de fracasso quanto aos resultados finais é perceptível, porque não se pode dizer que uma ou outra parte está com a razão, pois a têm tanto a presidência da República, que não quer se submeter à pressão das unidades mais fortes, como os governadores, dos quais não se pode negar reconhecimento, pois administram sob regras hostis, a começar pela injusta repartição do bolo tributário. Eis o perigo de o PAC acabar escorregando. Porque a corda, puxada nas duas pontas por forças que se equiparam, acaba arrebentada no meio.
Se o governo pretende continuar encarando tal desafio é coisa que ainda se ignora. Mas, a persistir o impasse, é possível que uma cota das responsabilidades no ajuste dos interesses fique com os partidos da coalizão. Estarão eles em condições de assumir tal encargo?