Os candidatos a deputado do PT e o risco de se inviabilizarem

A morte prematura do deputado Fernando Diniz, que sempre primou pela discrição, avesso à publicidade, trouxe, como não podia deixar de ser, algumas consequências para a política mineira. Eu enumeraria três. A primeira é que, sem ele, podem ocorrer dificuldades para o Estado no complexo campo da disputa de recursos no orçamento da União, setor em que ele já havia conquistado enorme experiência. E lidar com orçamento é coisa para gente treinada, não para principiantes.

A segunda repercussão, esta de interesse direto do PMDB, é que, presidindo o diretório regional do partido, Diniz já trabalhava nos primeiros passos da organização da candidatura do senador Hélio Costa ao governo de Minas, um processo longo, sempre complicado, e também dependente de articuladores de tato.

O terceiro desdobramento decorrente da morte de Fernando Diniz diz respeito à política de Juiz de Fora, porque a vaga a ser ocupada contempla o suplente Paulo Delgado. É o que pode alterar nosso quadro eleitoral do próximo ano, pois afeta os planos do PT, que, diga-se de passagem, é dono de importante bagagem eleitoral na cidade.


Mas, salvo acontecimentos que não podem ser objeto de previsão imediata, penso que, com a posse de Paulo Delgado como deputado federal, o que se dará nas próximas horas, a candidatura de Margarida Salomão, até agora tida como natural, fica praticamente inviabilizada. Além da divisão interna que ocorrerá entre as duas correntes, não existe a menor possibilidade de dois petistas de Juiz de Fora disputarem, com sucesso, uma cadeira para a Câmara de Deputados em 2010.

É certo que Margarida, pelo recall da candidatura à prefeitura de Juiz de Fora terá um votação maior e bem mais expressiva que Paulo Delgado. Não é aí que mora o problema. A dificuldade dela será com os diretórios do PT na Zona da Mata, região natural para que ambos busquem apoios. Com Paulo sendo deputado, as portas praticamente se fecham para Margarida. No mínimo, as dificuldades serão bem maiores que antes.


Outro grande problema, para os dois, é o número de votos para se eleger na Câmara dos Deputados pelo PT. Fala-se que serão necessários entre 80 mil e 100 mil votos. Tarefa dificílima para os candidatos petistas. Paulo Delgado, na última eleição, não teve essa votação e ficou na quarta suplência.

Por isso, entendo que só existe uma solução para os dois: uma dobradinha, Margarida para a Assembleia e Paulo Delgado para federal. Fortissima. Se não fizerem esse acordo, fica muito difícil para ambos. Onde conseguir, cada um, 100 mil votos para se elegerem?


O. P.