Juiz de Fora já foi a vanguarda de Minas . Deixou de ser. A cidade não tem a menor importância economica e, os líderes políticos, empresariais e academicos não estão sendo capazes de reverter essa situação. Não por incapacidade pessoal. Mas, sim, pela ação individual e isolada de cada um deles , como veremos a seguir.
A cidade não carece de nomes importantes no cenário estadual e , nacional, que poderiam colocar, no âmbito das reivindicações de politicas públicas, propostas que nos fizessem retomar o caminho do desenvolvimento, de liderança estadual e, principalmente, impor nossas demandas por urgentes e, inadiáveis investimentos no município. Mas isso não é o suficiente. É necessário muito mais que ações politicas isoladas. É necessário um chamamento de todos os segmentos da sociedade, com o objetivo de se preparar e escrever um novo futuro, um novo tempo para Juiz de Fora.
Um pacto pela cidade
Por outro lado, reconhecemos a importância de líderes que tentam, como disse, de forma isolada, levar ao Congresso Nacional e, ao Governo do Estado, algumas de nossas demandas, porém insignificantes no plano da macroeconomia. E, por se tratar de ações individuais e isoladas, não surgem efeito para a necessária e urgente mudança estrutural da cidade . E, por consequência, Juiz de Fora continua caminhando na direção de empobrecimento cada vez mais latente e, pior, perdendo ano a ano, sua importância politica.
Independente de nossas diferenças , e do matiz ideológico sobre o entendimento de como a municipalidade deva ser administrada, nossos líderes lutam pelo município. Reconheço a vontade e, a determinação de todos em construir uma cidade melhor. Mas, reitero, são ações que não transformam e, não mudam a realidade de decadência economica e social de Juiz de Fora.
Refiro-me à liderança de Tarcisio Delgado, Mello Reis, Custódio Mattos, Sebastião Helvécio, Júlio Delgado, Marcos Pestana, Paulo Delgado, e tantos outros que, eleitos, em seu tempo, fizeram e cumpriram seus papeis, tais como Marcello Siqueira, Gabriel Rocha etc. No campo da gestão da mais importante instituição pública da cidade, a UFJF, Margarida Salomão e Henrique Duque são referências para o município. E lógico, Itamar Franco.
Mas infelizmente, a rigor, são ações que nada significam, pois , como já disse, não transformam e, muito menos, preparam e, colocam a cidade no cenário das grandes decisões nacionais, seja no campo das obras públicas, seja no campo dos investimentos privados, esses, fundamentais para a retomada do nosso desenvolvimento economico.
Nossos Deputados defendem e, lutam como todo e qualquer vereador, ou prefeito, de todas as cidades do interior: solicitam (e conseguem) verba para a saúde, verba para asfaltamento, verba para escolas, que significam nada mais do que a receita de um analgésico para um paciente que se encontra em coma. Não curam o paciente. Em outras palavras, não mudam a realidade.
No campo empresarial, infelizmente, não temos ninguém, nenhuma empresa capaz de se impor como força estadual, muito menos nacional, consequência da própria decadência economica da cidade, onde grandes empresas desapareceram ao longo do tempo. As principais industrias instaladas na cidade pertencem a grupos de fora, cujo poder decisório se encontra, por óbvio, em outras capitais.
Me causa muita tristeza, pela pobreza dos argumentos (e dos resultados) , quando vejo o anúncio de que lideranças politicas conseguiram junto ao governo estadual, verba para reforma de escola, verba para posto de saúde, asfaltamento de rua etc., como se fosse um ato importante para o futuro da cidade. Não é, e não é disso que Juiz de Fora necessita. A cidade clama, sim, mas por um grande projeto de desenvolvimento !
Portanto, entendo que todas as demandas que travam nossas lideranças politicas, infelizmente não se traduzem em um projeto maior no campo do desenvolvimento economico e, consequentemente da retomada de sua liderança politica, perdidos nos últimos 40 anos.
O último importante projeto da cidade e, da região, foi o aeroporto regional , infelizmente, abandonado há oito anos ! Nossas lideranças não foram capazes, sequer, de exigir o seu funcionamento. Mesmo que aquela importante obra requeira mais investimentos, nada mais importante nos últimos 20 anos aconteceu na cidade (apesar do aeroporto se localizar em outro município...)
Mesmo com toda a boa vontade dessas ações , Juiz de Fora está sendo sepultada em um mar de politicas públicas que, quando não populistas e equivocadas, atendem tão somente ao exclusivo anseio de quem está no poder. A cidade não se desenvolve . Ela cresce de forma desordenada.
No campo das idéias, ao longo dos últimos 40 anos, o que sempre prevaleceu na cidade foi a disputa politica, sempre no campo pessoal , sem nunca ter havido um projeto concreto para a retomada do desenvolvimento do município.
Mudam os prefeitos, mas não mudam as politicas públicas, a forma de se administrar a cidade. São sempre as mesmas práticas retrogradas : contratação ilegal de apadrinhados para a Amac, acomodação das mesmas forças politicas em cargos do primeiro escalão e, em seguida, as reformas de escolas, postos de saúde, asfaltamento de ruas etc., como se isso pudesse ser traduzido como politicas públicas indutoras para a retomada do desenvolvimento social e economico. Não é e, não passam de uma obrigação da administração pública municipal.
Juiz de fora precisa de decisões maiores, engrandecedoras e, que a façam dar um salto em direção à modernidade, cujo único objetivo é alcançar um padrão de desenvolvimento compátivel com seu potencial, já provado em sua história.
Os mesmos equívocos históricos persistem, eleição após eleição, sendo o maior deles, prefeitos considerarem a prefeitura, como o único instrumento para atender às demandas de uma população carente e empobrecida. Claro que o resultado é esse que assistimos: avanço da pobreza, desemprego, absoluta falta de serviços públicos adequados e, o pior, a perda de poder politico para impor nossas demandas. Mas, individualmente, essas lideranças atingem seus projetos pessoais de manutenção e perpetuação no poder. Nesse sentido são vencedores.
Troca-se de prefeito, mas o discurso não muda, não se inova no campo da administração pública, isto é, demandar ao governo estadual e federal, "obras para o futuro da cidade". Todos sabemos que isso não é futuro. Isso é passado, na medida que, asfaltamento de ruas, construção de escolas e hospitais, é uma obrigação e, que não mudam a essência da vida: a possibilidade do desenvolvimento dos cidadãos, que precisam muito mais que ruas asfaltadas. O que o ser humano precisa é de chances e oportunidades para se desenvolver; ter chance de ser independente e, livre de um emprego politico, para, assim, se colocar numa sociedade competitiva.
JUIZ DE FORA PRECISA COMPREENDER QUE O SEU GRANDE DESAFIO NÃO É O DE SUBSTITUIR SUAS LIDERANÇAS E DIRIGENTES POLÍTICOS, ATÉ PORQUE SÃO SEMPRE OS MESMOS. JUIZ DE FORA PRECISA IMPOR MUDANÇAS ESTRUTURAIS EM UM SISTEMA POLITICO ADMINISTRATIVO QUE DEIXOU DE FUNCIONAR , LEVANDO A CIDADE A ESSE ESTADO DE LETARGIA ECONOMICA E EMPOBRECIMENTO SOCIAL.
Continua.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
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3 comentários:
Tudo isso se resume ao fato de que Juiz de Fora deixou de ser uma cidade geradora de riqueza com suas industrias suplantadas por importações baratas de qualidade duvidosa, produzidas por mão de obra quase escrava.
Nossas industrias não se prepararam para a concorrencia externa e as politicas de fomento industrial não existem.
Juiz de Fora optou por se tornar uma cidade prestadora de serviço, mas se esqueceu que quem paga pelo serviço é quem tem o dinheiro, e quem realiza o serviço é só um remunerado.
A vocação industrial levou Juiz de Fora a ser importante economica e politicamente (Lembra-se do texto "uma capital controversa"?), mas, estas ultimas gerações politicas, associada à abertura de mercado, e á falta de incentivos à industria levou Juiz de Fora a crescer sem se desenvolver.
Não tem fonte de recursos proprios, ou melhor, tem, mas em nivel reduzido, e o que acontece numa familia que aumenta seus componentes, mas a renda diminui? EMPOBRECE, e é isso que aconteceu aqui, empobrecimento financeiro, politico e social. viva as ultimas administrações que prepararam a cidade para se tornar uma cidade terciária, quando deveria ser secundária - geradora de riquezas.
Caro Omar...
Já dizia o lendário Herbert de Souza: "...o brasileiro está cada vez mais anti-ético, individualista e cínico...".
Penso que, enquanto o perfil do cidadão, não somente de Juiz de Fora, mas de todos os municípios da "frágil" democracia brasileira, não mudar, a consequência, ou até mesmo a manifestação da ignorância ou da apatia política dos cidadãos, será a mesma, eleição após eleição.
E para piorar, os eleitores insistem em não aprender com os erros.
Este projeto tem de semear uma nova consciência política no cidadão juizforano, pois não basta a iniciativa e a boa vontade de poucos esclarecidos sendo que no final quem decide se JF vai reagir é o eleitor nas urnas.
Temos de ensinar o cidadão a amar JF!
Um grande abraço
Thiago Coelho
Juiz de Fora é uma cidade de características geográficas, digamos, para quem vem do interior da Zona da Mata, seja pela estrada esburacada do bairro Santo Antonio, seja pela estrada sem segurança que flui no bairro Grama ou ainda, pela "impressão bonita" recém asfaltada de quem vem pela Av. Independência, visivelmente, enfiada num buraco que precisa, a cidade, urgentemente, de obras modernas que visem a melhoria de trânsito versátil tanto dentro da cidade quanto nas vias que levam a ela. Sou plenamente a favor de obras tipo elevados na Av. Rio Branco e implantação de metrôs de superfície em área centrais e nas adjacências. Modernidade significa melhoria para os habitantes e visitantes, e não "propagandas" em faixas espalhadas pela cidade para denotar obras insignificantes que qualquer prefeito tem obrigação de mandar executar.
Enquanto isso, não saem do papel - se é que foram cogitados em papéis - as promessas de campanha que sabemos não serão cumpridas.
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