As rodovias que continuam matando

Reparem que ao término dos feriados prolongados, como o que acabamos de ver agora, as atenções sempre se voltam para o balanço dos acidentes nas rodovias, pois é quando ao volume dos veículos em tráfego somam-se outros fatores, um dos quais as más condições das rodovias. Na verdade, seria pouco dizer que as condições delas são ruins, porque estão em permanente desgaste, cada vez piores. Por isso, quando saem esses balanços fatídicos, e hoje é dia de um deles, logo credito aos governantes uma boa parte dessas tragédias, e não vejo nisso o risco de incorrer em injustiça. Há um dado que confirma claramente tal responsabilidade: as poucas bem conservadas rodovias são exatamente as que revelam os mais baixos índices de acidentes. Basta esta informação para se ver que não há novas obras e nem conservação nesse setor para acompanhar o crescente fluxo de veículos.

Tenho procurado ler e estudar os problemas capazes de explicar as acanhadas realizações nesse setor, se é que se possa explicá-las, pois um país das dimensões do Brasil não tem direito de se dar ao luxo de relegar as comunicações físicas a um plano secundário. Já não temos as ferrovias que merecemos, nem os portos que sejam capazes de aproveitar nossas costas intermináveis. Então, se a malha rodoviária falha, ficamos em maus lençóis, risco que se torna ainda mais próximo quando chegam as temporadas das águas. E então as pessoas morrem e são grandes os prejuízos materiais.

Ainda sobre o que se lê a respeito, percebe-se que o primeiro problema com que nos defrontamos é a indefinição das responsabilidades. União e estados não se entendem nesse questão, embora seja evidente que as coisas comecem erradas com Brasília, que impõe e recolhe tributação específica para o fim, não a aplica e nem a repassa às unidades federativas. Definir de maneira mais nítida o campo das responsabilidades seria, portanto, o primeiro passo. Sem isso, nada feito.