Com a crise nas costas

Sem nos permitir uma previsão, o mais próximo do possível, sobre o seu fim, a crise internacional continua ganhando lugar privilegiado nas discussões entre os líderes do mundo, eles também - coitados! - sem saber quais os rumos a serem tomados. Talvez até saibam, mas para adotá-los é preciso, antes, condenar as bases da política financeira que domina o mundo, e diante disso eles são fracos. Aliás, não é preciso grande esforço para se perceber que é exatamente na força desses homens que eles são mais vulneráveis.

Neste quadrimestre em que vamos caminhando o que se tem assistido é exatamente isto: um conflitos de forças e fraquezas. E assim, o mundo navega, sem a gente saber exatamente o porto em que atracará.

Então, sem que possamos influir nessa realidade, melhor é cuidarmos do Brasil, pois é nos nossos costados que a crise pode acabar ardendo mais. A despeito de dificuldades esperadas com os ventos da economia internacional que vão continuar soprando nos próximos meses, e a impossibilidade de nós, brasileiros, solucioná-las, o quadro nacional mantém sinais de que será possível evitar o pior. Os juros caíram um pouco, há alguma estabilidade e as exportações poderão voltar a crescer. Nada de otimismo, até porque não haveria como justificá-lo, mas sobrevive, pelo menos, o sinal de que o pior pode ser evitado.

Tomara que consigamos vencer a crise com o custo do dinheiro mais baixo e a empregabilidade retomando boas perspectivas. A desejada prosperidade sempre foi condição aventada para que pudéssemos dar combate ao grave problema da injusta distribuição de tudo que o País nos dá e que permanece excessivamente concentrado. Ainda hoje, constrange saber que 60% da riqueza nacional concentram-se em pequena cota de setores privilegiados. Falo da prosperidade pessoal dos brasileiros, sem nos esquecermos que a melhor distribuição de renda vai além da comida mínima garantida, mas preocupa-se com outros valores e necessidades, e por isso requer aquelas mudanças radicais na política econômica internacional que nossos líderes não têm conseguido praticar. Pois, que alguma coisa os ilumine, para que o Brasil, à sombra das conquistas do mundo, possa prosperar.

O.P.