Prisão de Bejani, eleição de Custódio, PT e Margarida - final

Esse comportamento de não expor, não protestar e não denunciar ainda haverá de ser estudado por sociólogos (paulistas). Essa coisa de achar que o bacana e o inteligente é ser dissimulado e não se expor, vale também para todos os matizes ideológicos e grupos políticos da cidade. Vejamos o caso do PT nas últimas eleições. Teve a prefeitura nas mãos! Mas usou e abusou dessa estratégia de não entrar em conflito com ninguém. Segundo a tática estabelecida pelos marketeiros da campanha petista, comandados por Márcio Guerra, "isso era o que o povo queria". O eleitor não queria agressão. Mineiro não gosta de agressão, e por aí vai.

Com dez minutos diários de TV, Margarida ficou batendo papo sem "bater" em ninguém, sem mostrar as contradições de seus principais oponentes, perdendo a chance de conscientizar a população em relação aos problemas que a cidade vivia; problemas que eram consequência direta das administrações daqueles que se apresentavam novamente como candidatos. Mas não, o "marketing correto" era "não agredir", mas permitir e deixar os tucanos espalharem entre todos eleitores as maiores calúnias e difamações contra Margarida (e contra mim). Resultado do PT light: perdeu as eleições.

Segundo alguns queridos amigos, os estrategistas do PT deixaram esse papel , o de "bater", para mim. Erraram, pois eu não bati em ninguém. Só mostrei contradições das principais liderancas políticas que mandam na cidade há mais de quarenta anos. Mas por que então não tive uma performance maior? Muito simples: tempo de TV. Só isso. E por esse motivo ( tempo de TV) Custódio fez todo tipo de acordo possível. Deu resultado. Teve 11 minutos de rádio e TV.

Sem nem mesmo dois minutos de TV, contra mais de dez de Custódio, Margarida e Tarcísio, que lhes davam individualmente 50 "pílulas" diárias, contra cinco para mim, ainda consegui obter, mesmo assim, quase 7 % dos votos válidos da cidade. Resultado espetacular para quem, sozinho, teve de enfrentar até mesmo a falta de caráter de José Fernando de Oliveira, dito presidente do PV em Minas. Coloquei-me contra o conservadorismo local. Faria tudo novamente, sem mudar absolutamente nada. Enfrentaria, com o mesmo discurso, essa oligarquia da cidade, há 40 anos no poder.

A estratégia do PT de "somos diferentes", sem "agressão", somos light, temos proposta e, por isso vamos ganhar a eleição, foi, a meu ver, o único motivo para a vitória do Custódio, comandada por Vitor Valverde, que sabe como ninguém espalhar boatos. Às favas com a ética, já dizia Passarinho. O feio para essa gente é perder.
Passados cem dias de administração Custódio, a que estamos assistindo? Ao mesmo filme, o mesmo conservadorismo político. Assim como o "silêncio dos mortos" representado pelo Partido dos Trabalhadores e por Margarida Salomão, sua maior liderança. Talvez estejam acreditando que o silêncio, novamente, seja a melhor estratégia para sua campanha de deputada... A conferir. Mas não se esqueçam que o resultado dessa estratégia mineira do silêncio resultou na maior derrota da história do PT de Juiz de Fora, sabido que jamais o partido havia alcançado performance equivalente em nenhuma eleição para prefeito. Dessa vez o PT conseguiu, em seus 25 anos de existência, participar do segundo turno de um pleito majoritário da cidade.

Juiz de Fora precisa se reciclar. Precisa se expor. Precisa ter voz. Serve ao próprio PT o exemplo do vereador Castelar, que não está esperando por reuniões de seu partido para denunciar a privatização do Demlurb. Cabe a nós, da oposição, fazer oposição. A hora é agora. Perdemos. Somos oposição. Se o PT não se posicionar, vai ficar onde sempre esteve: fora do poder.
Basta de mineirice. Viva a mineiridade. Viva a liberdade.

O.P.