Custódio e a tarifa dos ônibus - I

Antes de mais nada, aos meus amigos, "mui amigos" e colaboradores do blog: estive fora no final de semana. Onde eu estava não havia acesso à internet. Por isto, desculpem a demora das postagens e, principalmente pela ausência de minha opinião sobre dois importantes acontecimentos em nossa cidade:

A greve dos motoristas e trocadores e a inadequada e demagógica postura do prefeito em exercício, Custódio Mattos.

Antes de mais nada, cabem algumas perguntas: a greve teve manipulação política ou não? Já ouvi comentários de que o movimento grevista teria sido estimulado pelos donos das empresas. De onde parte tal informação? Os motoristas estariam reivindicando direitos ilegais? Ora, por que então o movimento obteria praticamente 100% de adesão da classe, se não houvesse pesados e importantes argumentos de melhoria salarial e de benefícios?

Eu não acredito em manipulação política. Por que? Não existe liderança política ou sindical em Juiz de Fora que tenha poder para impor a paralisação de milhares de profissionais de qualquer setor. Houve, sim, uma decisão política da classe em demonstrar descontentamento em sua condição de trabalho. O movimento foi feito por trabalhadores que sabem quanto custa trabalhar sete horas por dia e, ao mesmo tempo, assistir na TV ao ex-prefeito da cidade sendo corrompido com dinheiro de empresas de ônibus. Daí nasce a iniciativa de revolta da classe . Trata-se de um movimento exclusivamente reivindicatório . Ponto.

Se as reivindicações são exageradas e o movimento ilegal, é outro problema. Cabe às partes, empregadores e empregados, sentarem-se à mesa e achar a solução, negociando. Sempre negociando. Neste sentido, acho que isso deveria ter sido feito antes da eclosão do movimento, na medida em que o único prejudicado é o povo trabalhador de Juiz de Fora, que depende do ônibus para ir e vir. Em minha opinião, reitero, esse foi o grande e único equívoco do movimento, pois o resto, isto é, direitos e reivindicações, devem ser negociados, como disse, entre patrões e empregados.

Concordo plenamente com o ex-prefeito Tarcísio Delgado, quando diz que a Justiça não devia entrar na negociação, pois, além de atrapalhar o processo, não conhece planilha de custos.

Por fim, o prefeito em exercício teve uma participação politicamente esperta, exclusivamente aproveitadora do momento, garantindo, por exemplo, que o tíquete-alimentação será pago aos motoristas. Ao assinar tal documento, o prefeito demonstra ter "poder" na outra ponta, ou seja, negociar em nome dos empresários da Astransp. Ou alguém me explica por que um prefeito pode, em nome de empresários, dizer que eles vão pagar o que quer que seja, se o dinheiro não é dele? Ou é? Em outras palavras, o prefeito deu ordem, avançou no caixa de empresas que têm concessão pública (as empresas de ônibus). Isso é, no mínimo, motivo para um questionamento moral e ético (até mesmo jurídico) por parte da sociedade. Como pode um prefeito dar ordem e botar a mão no que não é seu?

Custódio Mattos demonstra sua intimidade e "parceria" com os empresários de ônibus, provando que ele não se diferencia em nada de Bejani, fazendo acordos demagógicos, mas ganhando (entre outras "cositas mas") o que ele queria: mídia.

Participando das negociações e acabando com a greve, Custódio usou a estratégia de enganação: "eu anuncio o fim do movimento e, assim, o povo vai me perdoar com o reajuste que vou dar". Podem anotar: Vem anúncio de aumento das passagens.


Em tempo I: vai de vento em popa a construção do palácio do Custódio no Morro do Imperador.

Em tempo II: Custódio vai fazer ou não concorrência pública para a concessão de transporte coletivo em Juiz de Fora?