A visita de Lula ao presidente Obama, que ainda nem tomou o calor do cargo, nem se desfez o barulho da festa, tem importância mais protocolar que propriamente de informação sobre interesses gerais. Outros encontros terão de vir, agora com agenda de temas positivos.
Nossas relações com os Estados Unidos, que não importam dissenções mais profundas, sempre esbarram é nas políticas protecionistas comerciais que Washington desenvolve, no que é fielmente acompanhado pelos principais países da Europa. Há uma forte barreira que entrava a entrada de nossos produtos, num quadro de resistência que se agravou ainda mais nos últimos anos. O Brasil surgiu como emergente mais sacrificado nesse período, até acusado pelas grandes potências como responsável pelo fracasso das longas negociações em torno de um acordo que se sabia, de antemão, destinado ao fiasco.
Os compradores nos impõem as mesmas barreiras que criticam quando estão no papel de vendedores. Dois itens têm sido particularmente prejudicados, calçados e laranja, que só entram no mercado americano debaixo de uma sobretaxação que os inviabiliza na concorrência. Além disso, o comércio internacional, pelo que faz, mas principalmente pelo que deixa de fazer, é resultado de complexas injunções, que muitas vezes escapam da visão ou do poder de intervenção dos delegados representantes. Nosso País e outros que vivem o mesmo estágio de desenvolvimento não têm como enfrentar as monstruosas máquinas que agem dentro e fora dos governos compradores. É o que parece ser dado suficiente para se examinar o redirecionamento de nossos objetivos comerciais.
Quando os grandes impõem suas regras, o que cabe aos pequenos é partir em busca de variantes. É o caso do Mercosul, ainda longe de ser suficientemente aproveitado para a colocação do produto nacional. Apesar das dificuldades que o cercam, ainda é um manancial respeitável. Ali os principais obstáculos estão apenas na conta das suspeitas dos vizinhos de que uma expansão mais acentuada do nosso comércio provocaria grave desequilíbrio nas balanças.
Já se disse, em outros governos e tempos passados, que tanto na diplomacia como nos interesses comerciais, pecamos muitas vezes por tentar enxergar distante, sem perceber as oportunidades vizinhas, bem à nossa volta. Os concorrentes de longe são quase todos muito fortes, sem maiores identidades culturais e políticas como as que temos neste pedaço meridional da América. Precisamos refletir sobre isso.
O.P.
segunda-feira, 16 de março de 2009
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Um comentário:
Senhor Omar Peres.
Considerando que V.Sa. comenta com certo entusiasmo o encontro de Obama e Lula, seria nosso desejo que fizesse comentários sobre a entrevista do Delegado Protógenes feita pela Rede Vida ontem no programa Trobuna Independente. Fico aguardando.
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