Lembrai-vos de Santa Tereza

Não há quem possa permanecer indiferente diante do prolongado drama que vivem moradores de Santa Tereza, que há mais de ano viram desmoronar suas casas, sem que até hoje a Justiça, os técnicos e o poder público cheguem a um entendimento sobre as responsabilidades no acidente. Num fato lamentável, que só não foi mais doloroso porque não houve vida sacrificada, há alguns aspectos que deviam ter figurado no primeiro plano das preocupações das autoridades, sendo o primeiro a necessidade de serem agilizadas as providências para dar atenção aos moradores, que de um momento para outro viram-se sem o teto. E só quem passa por esse dissabor pode avalia sua dimensão. Penso que, por essa razão, entre outras, seria bom que o prefeito chamasse a si a missão de fazer com que as providências sejam agilizadas, a partir de uma definição clara em relação a laudos e deduções geológicas que não correspondem às experiências e conhecimentos dos moradores. O interesse da prefeitura, se realmente houvesse, teria levado a uma solução o impasse que se arrasta.

E qualquer que seja o ângulo por onde se observa o problema, venham de onde vierem as responsabilidades, aos prejudicados cabe o direito à indenização.

É um aspecto da questão. O outro, é que o que ocorreu em Santa Tereza, depois de casos semelhantes em outros bairros, em diferentes tempos, precisa ser tomado como uma advertência, porque não estamos a salvo da repetição de problemas desse tipo. Observe-se, para tanto, a composição geológica que temos na zona urbana, altamente propícia a perigosos deslizamentos. Não seria demais reclamar do poder público uma política permanente de avaliação das áreas passíveis de acidentes.

O drama de Santa Tereza não pode ser em vão. Mas também não pode ser esquecido.