Vinte meses de Lula

No meu retorno ao Brasil, depois de estar fora durante quase um mês para tratar de negócios, fico sabendo que em breve o presidente Lula começará a colecionar sugestões de todos os setores políticos e sociais sobre as linhas que devem inspirar os 20 últimos meses de sua gestão, o que, aliás, promete ser uma fartura de idéias. E quanto maiores forem essas sugestões, mais se exigirá dele o exercício das prioridades, considerando-se que é impossível realizar tudo que precisa ser realizado. Não se pode dizer que o atual governo já esteja entrando em contagem regressiva, mas é bom cuidar, com antecedência, do capítulo final dos 96 meses de poder.
Com a impossibilidade de se prever o fim da crise internacional, o empresariado vai encabeçar a lista reivindicatória, chamando a atenção do governo para o fato de que persiste a incompatibilidade entre os altos juros e as expectativas da retomada de um efetivo desenvolvimento da economia. Essa advertência é tão antiga como verdadeira, pois sem acesso aos financiamentos jamais atingiremos a produção nos níveis desejáveis. O governo precisa sensibilizar-se diante dessa verdade inconteste.
Outro detalhe interessante em relação às idéias que serão sopradas aos ouvidos do presidente, é que o melhor que ele realmente pode fazer é marcar esses 20 meses finais com realizações de grande vulto na área da educação. Considere-se, contudo, que essa é uma antiga e excelente recomendação. Lembro-me que nos primeiros dias do governo Lula o ex-ministro Reis Velloso, depois de passar por alguns dos maiores escalões da República, sempre ligados à economia, chegou à conclusão que sem um nível educacional elementar, básico, o País sempre estará esbarrando em obstáculos para chegar ao Primeiro Mundo e criar uma sociedade realmente feliz.
É bom saber que esse é um problema que, cada vez mais, vem sensibilizando a classe política, que é a que define os rumos do País. Estamos curiosos por saber que sugestões são essas e como transformá-las em realidade.